Cerca de 140 alunos, do 8º e 9º ano, do ensino fundamental, da Escola Estadual Almirante Barroso, no Benfica, participaram de palestra realizada na Praça CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados), nessa terça-feira, 30. Eles tiveram contato com representantes de órgãos da rede de apoio e enfrentamento à violência contra a mulher, vinculados à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e à Polícia Civil, durante atividade dinâmica, informativa e de conscientização.
O encontro, promovido pelo o Conselho Municipal de Segurança Urbana e Cidadania (Comsuc), encerrou a programação da campanha Agosto Lilás, colocando em evidência a realidade, os desafios e as perspectivas para a mudança de cultura e a prevenção da violência contra a mulher na sociedade brasileira.
Fortalecer a cidadania, esse foi o objetivo da palestra que levou informação sobre os serviços que prestam atendimento à mulher em Juiz de Fora e colocou em cena setores que trabalham na prevenção dentro das comunidades, demonstrando que o enfrentamento à violência também se dá pelas ações de cultura. “É importante que esse público conheça os caminhos para acesso à rede de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher do município, mantidos pela Prefeitura e pela Polícia Civil. A participação da Funalfa aponta a inserção das políticas setoriais com função transformadora para a redução da violência e a promoção da cultura da paz”, explicou a secretária de segurança, Letícia Paiva Delgado.
Em sua apresentação, a secretária trouxe manifestações introjetadas em comportamentos e na cultura, que revelam a naturalização da ideia de posse e da violência contra a mulher no Brasil. A exemplo da frase “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher” e de músicas populares como “Maria Chiquinha”, da dupla Sandy e Júnior, que narra a descoberta do adultério, praticado pela esposa e encerra na promessa de morte feita pelo marido. “O feminicídio no Brasil é um produto social, cultural e histórico, fortemente validado pelo direito em uma sociedade machista e patriarcal” afirmou, citando legislação, que vigorou até 1830, permitindo ao marido matar a mulher e o amante, baseado na relação de dominação e poder.
A coordenadora da Casa da Mulher, Fernanda Moura, trouxe ao público a história de Maria da Penha, vítima de duas tentativas de assassinato por parte de seu marido. Ela levou um tiro que a deixou paraplégica e, após isso, ainda sofreu nova investida, sendo eletrocutada na banheira pelo mesmo agressor. Fatos que a fizeram recorrer à justiça internacional, culminando com a criação da Lei de Violência Doméstica e Familiar, popularmente conhecida como Lei Maria da Penha.
O Brasil é o 5º país que mais mata mulheres. Em Juiz de Fora, a DEAM/Polícia Civil atende em média 60 casos, por semana, de vítimas de violência doméstica, familiar ou sexual, entre mulheres, adolescentes e crianças. De acordo com a titular da delegacia, Alessandra Azalim, a nossa lei traz a vantagem de proteger a mulher vítima das diversas formas de violência, seja ela praticada por relação de parentesco, por relação íntima de afeto ou de ambiente familiar.
A gerente do Departamento de Cultura e Território da Funalfa, Silvânia Santos, finalizou as falas, trazendo ao público uma dinâmica interativa, em que os adolescentes respondiam e se posicionavam quanto aos tipos de violência e o que é ou não correto em relação à mulher, a partir de situações do dia a dia, bem próprias do universo jovem. Com isso, a plateia mostrou estar bem informada para agir com mais segurança e respeito na prática da prevenção à violência contra a mulher.
Participaram a Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc), a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), da Polícia Civil; a Casa da Mulher, da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) e a Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa).
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