Enquanto acompanhava os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro pela primeira vez na vida, Bianca Souza também sentia, em contradição com a alegria carnavalesca, uma pontinha de lamento e nostalgia, como num fado lusitano.
Acostumada a aproveitar a folia sem sequer pensar em parar em frente à TV, a educadora física de 23 anos só se rendeu à Sapucaí quando estava bem longe dela e de seus encantos, fazendo um intercâmbio de dois anos em Porto, Portugal, como parte de sua licenciatura no curso de Educação Física da UFJF.
Talvez a saudade dos festejos de Momo, dos quais participava desde quando era menina em Belmiro Braga, tenha sido decisivo para fazer crescer a paixão de Bianca. E levando seu amor pelo Carnaval muito além da Quarta-Feira de Cinzas, ela hoje se reveza entre as aulas de zumba, dança, circuito personal trainer e a coroa de princesa da festa em Juiz de Fora, arrematada logo em sua primeira participação do concurso para eleger a Corte carnavalesca da cidade.
Mais do que possa parecer, Sua Alteza da Folia tem muito a ver com a Bianca sem fantasia, comanda as aulas de quem busca ficar em forma e com saúde. "Tento levar alegria e animação aos meus alunos e busco motivá-los o tempo todo. Eles me dizem que eu os inspiro, neste caso a ter uma vida mais saudável. Todos estes são valores que eu quero passar como Princesa do Carnaval."
Apesar de princesa, Bianca pretende, com sua coroa, ser porta-voz da democracia. "Carnaval é uma festa para todo mundo, sem lugar para violência, preconceito ou discriminação. Não importa a cor, a classe social, a idade, o sexo, a escolaridade, absolutamente nada", diz ela. No futuro, dá pra ver que o plano de Bianca é continuar "sambando". De salto alto, bem na cara de quem só a enxerga por sua beleza. Seus projetos incluem fazer mestrado, doutorado e, futuramente, se tornar professora universitária, conquistas que certamente há de celebrar em muitos carnavais por vir.
Textos - Júlia Pessôa
Fotos - Sérgio Neumann