Juiz de Fora é a primeira cidade de Minas a usar mosquitos geneticamente modificados no combate ao transmissor de doenças como Dengue, Zika e Chikungunya
Pioneirismo e inovação. Juiz de Fora sai na frente no combate ao mosquito Aedes aegypti ao lançar, na manhã desta terça-feira, 11, a implantação do Projeto Aedes do Bem. Com isso, a Prefeitura de Juiz de Fora, através da Secretaria de Saúde, torna-se a segunda cidade do Brasil e a primeira de Minas Gerais a utilizar esta tecnologia, que intensificará o combate ao mosquito transmissor de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana.
O projeto é uma parceria com a empresa Oxitec do Brasil, que criou um Aedes aegypti geneticamente modificado, conhecido popularmente como Aedes do Bem, e já implantou o projeto nas Ilhas Cayman e no Panamá, e, no Brasil, em Piracicaba (SP), depois de testá-lo em bairros nas cidades de Jacobina e Juazeiro, na Bahia. A redução na quantidade do mosquito selvagem chegou a 99% em uma das localidades de Juazeiro.
O prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira, presente no lançamento, manifestou sua decisão de realizar trabalhos contínuos de combate ao mosquito, para evitar que novas epidemias aconteçam. Para isso, surgiu a necessidade de buscar projetos inovadores de prevenção às doenças. “Em 2016, nas nossas pesquisas, encontramos o Projeto Aedes do Bem, da empresa Oxitec, e decidimos trazê-lo para Juiz de Fora”.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur), João de Matos Neto, explicou que, além da assinatura do projeto, foi firmado um protocolo de intenções para que, futuramente, uma unidade da empresa Oxitec seja instalada em Juiz de fora. “Demos hoje um passo importante para que o município possa trazer a empresa. Estive na fábrica em Piracicaba (SP) e pude ver o trabalho sério e de excelência que eles desempenham. A ideia é que em Juiz de Fora seja desenvolvido este mesmo trabalho, além de gerar empregos para a população da cidade, que possui mão de obra qualificada, localização privilegiada, apoio da PJF e infraestrutura de qualidade”.
Na cidade, a Oxitec implantará um Posto Avançado, para onde os mosquitos geneticamente modificados produzidos na fábrica de Piracicaba (SP) serão trazidos. Aqui as pupas se transformarão em mosquitos adultos, que serão soltos nos pontos epidemiologicamente estratégicos. O diretor-geral da Oxitec do Brasil, Jorge Espanha, acrescenta que Juiz de Fora foi escolhida por ser uma cidade empreendedora, sempre em busca de soluções inovadoras.
O vice-presidente sênior da Intrexon Corporation, Tom Bostick, enfatizou que o Aedes do Bem pode ser usado em qualquer escala, de forma simples e rápida, e em qualquer cidade, além de ter um custo acessível. “Este projeto tem o poder de melhorar a vida de milhões de pessoas e chegou a hora de levá-lo a todo Brasil, e Juiz de Fora é pioneira nesta expansão”.
O lançamento aconteceu no auditório no Centro de Artes e Esportes Unificados “Coronel Adelmir Romualdo de Oliveira” (Praça CEU), localizado no Bairro Benfica. Estiverem presentes, ainda, diversas autoridades, entre elas, a secretária de Saúde, Elizabeth Jucá, vereadores, agentes de endemias e representantes de comunidades.
Três bairros receberão o projeto neste primeiro ano
O projeto Aedes do Bem será implementado primeiramente em regiões dos bairros Monte Castelo, Santa Luzia e Vila Olavo Costa, impactando um total de dez mil pessoas. Os bairros foram escolhidos pela prevalência de casos notificados de dengue. Em 2016, somente no Santa Luzia, foram notificados 925 casos da doença, no Monte Castelo, 564, e, na Vila Olavo Costa, 152. Nos próximos anos, o projeto Aedes do Bem será expandido e protegerá 50 mil habitantes de Juiz de Fora.
O trabalho tem início com a conscientização da população sobre o projeto Aedes do Bem. Agentes de saúde da prefeitura e técnicos da Oxitec do Brasil visitarão os moradores do local onde os Aedes do Bem serão liberados para explicar como o uso deles pode diminuir a quantidade dos mosquitos transmissores da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana. Material explicativo será distribuído, para esclarecer como funciona o projeto. Uma tenda será montada, inclusive com exemplares dos mosquitos geneticamente modificados, onde os moradores poderão conhecer mais sobre o projeto.
O início da liberação do Aedes do Bem está previsto para dentro de dois ou três meses. A expectativa é que, entre três e seis meses de liberação, o nível da população do Aedes aegypti selvagem comece a cair.
Na Vila Olavo Costa
No início da tarde, equipes da Prefeitura de Juiz de Fora e da Oxitec iniciaram trabalhos de campo na Vila Olavo Costa, com a colocação da tenda com os mosquitos e a divulgação do projeto, com explicação e distribuição de folhetos, porta a porta.
Como funciona o Aedes do Bem
Os Aedes do Bem são mosquitos machos que não picam e não transmitem doenças. Ao serem liberados, esses machos copulam com fêmeas selvagens do Aedes aegypti, e seus descendentes herdam um gene autolimitante, que faz com que morram antes de se tornarem adultos funcionais.
Os descendentes do Aedes do Bem também herdam um marcador fluorescente que permite que sejam identificados em laboratório. Isto permite um nível de rastreamento e medição de impacto sem precedentes, levando a um acurado monitoramento e avaliação da eficácia durante todo o programa de uso do Aedes do Bem. Os mosquitos liberados no ambiente e seus descendentes morrem, portanto, não persistem no ecossistema.
Sobre a Oxitec
É pioneira no uso de engenharia genética para controle de vetores e pragas que disseminam doenças e destroem culturas. Foi fundada em 2002 como uma “spinout" da Universidade de Oxford (Inglaterra). A Oxitec é uma subsidiária da Intrexon Corporation (NYSE:XON), empresa que utiliza biologia para ajudar a resolver alguns dos maiores problemas mundiais.
Foto: Thiago Britto
* Informações com a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde pelos telefones 3690-7389/7123.