Durante a cerimônia solene da entrega da Comenda por Mérito Comendador Henrique Guilherme Fernando Halfeld, a maior honraria do Município, realizada na noite desta segunda-feira, 29, no Cine Theatro Central, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) agraciou 25 pessoas que contribuem ou contribuíram para transformar a cidade em um lugar melhor para se viver.
O destaque da celebração foi a dupla homenagem dedicada à Roza Cabinda, mulher escravizada que teve que conquistar sua liberdade na justiça. Além de ser contemplada com a medalha, recebida em seu nome pela presidente do Conselho Municipal da Igualdade Racial, Marilda Simeão, também foi anunciado pela prefeita Margarida Salomão outro reconhecimento histórico à Roza: o novo viaduto que está sendo construído na Rua Benjamin Constant, no Centro, terá seu nome.
“Homenagear à Roza Cabinda é fazer nesta noite o elogio à insurgência, à coragem. E ela representa também esta vocação de inovação de Juiz de Fora. Foi uma mulher que buscou através da via jurídica e formal a sua liberdade. Pela sua resistência, pela forma que tomou a sua luta, o legado dela para Juiz de Fora é tão constitutivo desta cidade quanto são os legados de Bernardo Mascarenhas ou de Mariano Procópio, ou de outras pessoas. É mais que intempestivo que, neste momento, nestes 173 anos de história, Juiz de Fora homenageie uma mulher negra, que superou a sua condição escravizada comprando, com o seu trabalho e sua luta, a sua própria liberdade”, enfatizou a prefeita.
Ainda em seu discurso, Margarida Salomão ressaltou que “não há forma mais bonita de comemorar o aniversário da cidade do que homenagear sua gente, reconhecer àqueles e àquelas que, com o seu trabalho, com seu talento e a sua luta fazem esta cidade. Desde o ano passado, esta é a característica que nós reivindicamos: paridade de gênero. São tantas mulheres quanto homens homenageados, com presença muito expressiva da população negra”. A comenda foi entregue aos agraciados pela prefeita, acompanhada do presidente da Câmara Municipal, Zé Márcio Lopes Guedes (Garotinho), e do reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus David.
Os agraciados da noite foram representados pela doutora em História e professora de História da África da UFJF, Fernanda Thomaz. “Fiquei extremamente lisonjeada por ser escolhida para representar um grupo de 25 pessoas tão diverso. E fico muito feliz por ser um grupo tão diverso. Se podemos definir algo que une este vasto e diverso grupo é a relevância de cada pessoa em relação ao desenvolvimento e melhoria desta cidade. Seja no aspecto profissional, social, político, esportivo, artístico, cultural ou econômico. Cada uma destas pessoas que estão aqui com a sua coragem e determinação de certo modo fez e faz o que é a cidade hoje de Juiz de Fora.”
Em seu pronunciamento, o deputado federal líder da bancada mineira no Congresso e também um dos agraciados da noite, Luiz Fernando Faria, ressaltou o quanto se sentiu honrado com a homenagem. “Nada é mais satisfatório na vida de uma pessoa do que o reconhecimento. Não apenas pela vaidade de ser reconhecido, mas pela afirmação coletiva de que nossos atos tiveram aprovação preponderante em meio a esta expressiva diversidade humana. Considero Juiz de Fora a minha segunda terra natal. Sou da vizinha Santos Dumont e frequentei Juiz de Fora desde criança. No aconchego desta cidade trago recordações muito boas dos anos que aqui vivi.”
O presidente da Câmara Municipal destacou em sua fala que a cidade chega em seus 173 anos cheia de motivos sólidos e reais de orgulho para nós. “É pela força e trabalho árduo de cada um que podemos dizer com orgulho o quanto esta cidade é um lugar maravilhoso para se viver, estudar, trabalhar, empreender e ser feliz.” Já o reitor da UFJF, Marcus David, frisou a ressignificação da comenda após a prefeita assumir a gestão da Prefeitura de Juiz de Fora. “Com a sua prática democrática, nos permite fazer profundas reflexões sobre o significado desta comenda, fazendo uma reflexão histórica, repensar todo o seu simbolismo.”
O evento também contou com apresentações musicais. Na abertura, o hino do Brasil e de Juiz de Fora foram interpretados pelo clarinetista, saxofonista e compositor indicado ao Grammy Latino 2020, Caetano Brasil. Juntamente com o trio “Choro Livre”, formado também por Bia Nascimento no violão e Chico Cabral no pandeiro, durante a cerimônia foram apresentadas outras três composições autorais em homenagem aos condecorados e à cidade: “Surpreendente”, “Valsa Brava” e “Choro Livre”.
Confira o anexo com a lista completa dos homenageados