Dois livros físicos, um e-book, um atlas e uma revista virtual serão lançados na Tarde Literária da Agenda Novembro Negro, que acontece nesse sábado, 25, a partir das 15h, no Teatro Paschoal Carlos Magno, localizado na Rua Gilberto de Alencar, atrás da Igreja São Sebastião, Centro. Todas as publicações são financiadas pelo Edital Quilombagens, do Programa Cultural Murilo Mendes, mantido pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e gerido pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa). Com entrada franca, o evento é livre para todos os públicos.
Durante a Tarde Literária, as autoras vão falar sobre seus processos de pesquisa e escrita em uma roda de conversa com o público. Também haverá apresentação da Congada Nossa Senhora do Rosário.
Obras/Autoras
* “Roza Cabinda: dos Sentidos à Liberdade como Sentido”
- Autoras: Carla Cristina Carvalho Pereira e Giovana Carvalho Castro
Juiz de Fora é uma cidade de tradição escravista e cuja trajetória vincula-se ao que historiograficamente classificamos como segunda escravidão. Essa escravidão do século XIX tem caraterísticas distintas da de períodos anteriores, marcada que é por um intenso processo de racionalização e controle, que vigorou até a assinatura da Lei Áurea em 1888. Nesse cenário, homens e mulheres cativos utilizaram várias formas de resistência que culminaram em agências múltiplas atravessadas por diversas instâncias de liberdades parciais e totais. Uma dessas formas foi acionar a Justiça, utilizando um mecanismo jurídico manifestado na forma de ações de liberdade. Roza Cabinda é uma das 14 mulheres que utilizaram esse mecanismo para ter garantido seu direito de obter sua carta de alforria. Caminhos vários e o fato de Roza ter sido escravizada de Halfeld, um dos notáveis locais, transformou sua ação na mais famosa entre essas. Mas, ainda que famosa não se tem publicado nenhum material sobre. O livro é uma forma de dar início a uma ampliação de olhares sobre sua história, de forma a contar os meandros desse processo, mas não só. O objetivo é ter como aporte a história de Roza para contar da sua presentificação e transformação em memória pública na cidade.
* “Atlas Cultural da Comunidade Colônia do Paiol: Memórias e Ancestralidades Negras em Territórios Redes”
- Organização: Eliane Rodrigues de Castro, Eliete do Carmo Garcia Verbena e Faria, Jader Janer Moreira Lopes, Maria José Franco Santana e Mathusalam Panthevis Suarez
Este atlas cultural da comunidade Colônia do Paiol, no município de Bias Fortes (MG), tem por finalidade sistematizar as vivências culturais desse grupo e territorialidades outras, compreendendo seus afazeres cotidianos, suas formas singulares de ser e estar no mundo, num processo conjunto a eles, que refletem na manutenção e luta pela integridade de suas terras. As lâminas cartografadas deste atlas contribuem para dar visibilidade às práticas culturais e aos saberes tradicionais da referida localidade, agregando-se às ações de combate ao racismo existente na sociedade, constituindo-se como patrimônio cultural que se pretende caminhar na construção de territórios em redes que promovam a valorização da cultura negra e das ancestralidades e fazeres quilombolas.
* “Tempos de Reinados - Imaginários do Congado em Práticas de Escola”
- Autoras: Andréa Borges de Medeiros e Gisela Marques Pelizzoni
O trabalho traz referências para pensarmos uma Pedagogia do Sensível. Fala de cortejos que se desdobram nas franjas do cotidiano e envolvem uma comunidade escolar que se dedica a compartilhar experiências com as culturas da diáspora africana em torno de inspirações, simbolismos e expressividades das culturas do Congado. A obra nasce, portanto, de um desejo ético, político e estético de inventariar práticas de memória e guarda, bem como o de puxar fios reflexivos sobre movimentos cheios de histórias e inventos, de meninos, meninas e seus professores no encontro com suas ancestralidades. As autoras supõem tais movimentos como possibilidades de vislumbrar outro mundo, mais justo, amoroso e plural.
* Revista virtual “Julho das Pretas”
- Autoria: Fórum 8M-JF
Registro da Agenda Julho das Pretas na edição 2023. O material reúne depoimentos e fotografias desde o processo coletivo de criação até a execução das atividades, de 30 de junho a 29 de julho. Organizada pelo Fórum de Coletivos e Mulheres Feministas de Juiz de Fora (Fórum 8M-JF), em parceria com outros coletivos e organizações de mulheres negras da cidade, a programação incluiu roda de leitura, palestras, shows musicais e de dança, Feira Preta, workshop, além da Marcha Mulheres Negras: pelas nossas vidas e pelas nossas histórias.
* E-book “Ubuntu se faz com Sankofa: pretuguês básico para a luta antirracista”
- Autoras: Carla Cristina Carvalho Pereira e Giovana Carvalho Castro
Em formato de caderno de textos, o livro traz um conjunto de ensaios, escritos em linguagem não acadêmica, que oportuniza a ampliação do conhecimento acerca das biografias e ideias centrais defendidas por intelectuais negros brasileiros envolvidos na luta antirracista, a partir de termos e conceitos fundamentais. Produzidos em linguagem coloquial, tendo como referência central o "pretuguês" de Lélia Gonzalez, os textos têm como eixo articulador a pedagogização acerca dos conceitos produzidos por esses intelectuais, visando dar acesso ao conhecimento de referenciais teóricos básicos que ampliem a capacidade argumentativa de envolvidos na luta em prol da promoção da igualdade racial.
Foto: Jacqueline Silva