Nesta quarta-feira, 4, foi inaugurado o segundo painel do projeto "Trilhas da Liberdade - Murais cerâmicos celebram a democracia nos 60 anos do golpe militar”. O local escolhido para a instalação foi o Conservatório Estadual de Música Haideé França Americano, hoje tombado pelo patrimônio público, deixando no passado a história de ter sido uma prisão para se tornar uma escola de música. Entre os anos 1930 e 1982, o prédio funcionava como uma cadeia pública e repartição da Delegacia de Polícia Civil. De acordo com o Relatório da Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora, o prédio foi utilizado como espaço de prisão e repressão durante o período da ditadura.
O mural inaugurado no espaço é intitulado “Com o tempo veio a Arte” do artista Rodrigo Pedretti Mendes, e refere-se à poesia identificada no fato da edificação histórica. O projeto Trilhas da Liberdade é uma parceria entre a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), por meio da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe) através de emenda parlamentar da vereadora Laiz Perrut.
A prefeita Margarida Salomão homenageou em sua fala a família Villani, já que o primeiro preso político no Brasil, foi José Carlos Villani e seu irmão, Edmundo Villani, na época diretor do conservatório, foi afastado do cargo. Ela também ressaltou o posicionamento do município em relação a história. “A cidade é composta de diversas coisas, como, por exemplo, acesso à direitos sociais e infraestrutura urbana. Além de se constituir de ruas, praças, escolas, ônibus, a cidade tem alma e é ela que estamos homenageando neste espaço. Temos orgulho de neste governo termos celebrado todos que caíram e foram perseguidos pelo golpe de 1964. Quase que únicos no país em termos levantado o direito à memória como uma forma de fortalecimento da democracia”, destacou a prefeita, referindo-se a Marcha da Democracia em 1°de abril
O secretário especial de Direitos Humanos,Biel Rocha, fez um paralelo com os dias atuais. “Aqui funcionou a primeira prisão da ditadura, um local que foi palco de tantas injustiças. Estamos reivindicando esta memória, já que não podemos esquecer o passado, pois é ele que nos ensina a valorizar as conquistas da democracia. Instalamos o marco histórico para que esse espaço seja um ponto de encontro, de resistência e, acima de tudo, de memória.”
Para a diretora do conservatório, Evelise Alvarenga, a instalação do mural cerâmico celebra a democracia e reforça o valor da instituição. “Somos uma escola de música pública que atende cerca de 3.500 alunos, celebramos aqui o auge da democracia e da arte, contribuindo para a formação”. Já a professora da UFJF, Sandra Sato, agradeceu a parceria. “Estou emocionada, já que, para nos expressarmos livremente, devemos lembrar de quem veio antes”.
Nilmário Miranda lembrou da vinculação de Juiz de Fora ao começo do golpe militar e ressaltou que atualmente a cidade é referência em liberdade, memória, justiça, música e cultura. “As pessoas precisam conhecer a história. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!”, enfatizou.
A responsável pela emenda parlamentar que deu origem ao projeto, a vereadora Laiz Perrut, ressaltou que a iniciativa é relacionada aos valores por ela compartilhados. “Esse espaço foi um lugar de tortura e hoje exalta a arte e agora também a democracia”.