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JUIZ DE FORA - 20/11/2023 - 16:43
Racismo é pauta de podcast produzido por alunos da Escola Municipal Santos Dumont
A produção de podcast está atraindo a atenção dos alunos da Escola Municipal Santos Dumont no bairro de mesmo nome. A temática do racismo esteve no centro das duas edições apresentadas aos estudantes do nono ano do ensino fundamental nesta segunda-feira, 20, Dia Nacional da Consciência Negra. O produto midiático é fruto da interação da proposta do projeto Nossa Escola: Segurança, Cidadania e Cultura de Paz com a unidade.
Conversas realizadas em estúdio foram gravadas e apresentadas para a sala. No primeiro episódio, a abordagem sobre a história do racismo levou ao aprofundamento de conteúdo, trazendo à tona particularidades a cerca das origens histórica e econômica da discriminação racial no Brasil. No segundo episódio, o racismo nas escolas e no cotidiano movimentou a discussão entre professores, alunos e equipe da Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc).
O professor convidado, Monoel Boniolo, propôs uma análise histórica abrangente para a compreensão da questão do racismo no país. “A escravidão sempre existiu, mas na sua forma tradicional o componente étnico não era levado em consideração. Era a escravização por guerra ou dívida por exemplo. Aqui, a introdução do negro é feita pelo colonizador dentro de um modelo mercantil, em que o negro escravizado era algo a ser comercializado”, apontou, explicando a definição do lugar de um determinado grupo na sociedade em razão de sua etnia.
Mediado pela professora de história, Elisângela Esteves Mendes, o segundo tema conduziu os alunos ao debate de experiências. O professor Felipe Ângelo de Oliveira, da disciplina de ciências, impulsionou o questionamento: o que é racismo, você já sofreu racismo? “Sobre a primeira questão, há o entendimento de se tratar de ato de discriminação contra o negro. Porém, quando eu faço a segunda pergunta muitos respondem, não. Daí eu pergunto você já foi alvo de brincadeiras ofensivas, constrangedoras. Ao que me é respondido, sim. Então eu retorno, você já sofreu racismo”, alertou para a normalização do racismo.
“Nós vivemos o racismo e muitas vezes reproduzimos o racismo, manifestamos um sistema que é racista. Esse racismo é uma dificuldade de se reconhecer, porque nós não estamos na história; apenas na escravidão. Os alunos negros e negras são muito oprimidos dentro da escola porque não há uma formação específica para lidar com as relações raciais. Se a gente quer atingir uma educação de qualidade, a gente precisa discutir relações raciais”, defendeu a assessora da Sesuc, Charline Juvenal.
A iniciativa foi bem recebida pelo grupo, que já ensaia novas investidas. Os próprios alunos são responsáveis pela produção do conteúdo do programa, supervisionados pelo professor da disciplina de português, Marco Antônio Filgueiras Santos Filho.
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