PATRIMÔNIO CULTURAL

 

Bens Tombados - Fazenda da Tapera

 

Rua Alencar Tristão, 360 - Santa Terezinha

A construção do prédio da Antiga Alcaidemoria de Juiz de Fora tem sua história ligada à abertura do Caminho Novo realizado por Garcia Rodrigues Paes, ligando a corte à zona mineradora. Em 1701 Garcia iniciou a abertura de uma picada por iniciativa própria , investindo na mesma recursos próprios e mão de obra escrava. Para facilitar seu acesso ao mesmo, Garcia mudou-se de São Paulo para Rio de Janeiro, mas a carência de recursos e de mão de obra levaram-o a solicitar a ajuda do governador d. Álvaro.

 

A Coroa também possuía interesses na conclusão do Caminho que permitiria maior arrecadação, e por conseguinte; tributação. Impossibilitado economicamente e fisicamente de manter-se nos trabalhos, Garcia foi substituído por Domingos Rodrigues , que levou à cabo a tarefa de abertura da estrada que recebeu o nome de "Caminho Novo".

 

Apesar de não ter concluído a tarefa, Garcia foi contemplado pelo Rei com quatro sesmarias ainda mais uma para cada um de seus filhos, escolhidas ao largo do Caminho Novo e o coronel Domingos Rodrigues foi nomeado como Cobrador das Estradas e Provedor dos Quintos, tendo para isso estabelecido o Registro e fundando nele uma fazenda de criação e cultura que lhe permitiu lucros e uma vida abastada.

 

A abertura do Caminho atraiu vários aventureiros para as minas, advindo daí uma necessidade de maior patrulhamento e fisco por parte da Coroa, desejosa de evitar o contrabando. Os acontecimentos do ano de 1711 podem ser percebidos pela Carta de Manoel de Araújo, um dos comandantes da patrulha.

A fazenda passou à família de Custódio da Silveira Tristão, devido ao casamento de Custódio da Silveira Tristão com Josefina, cabendo a um de seus filhos, Cícero Tristão, o direito sobre a sede da fazenda como herança, que doou-a em testamento à Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, por não possuir descendentes diretos Após a morte de Cícero Tristão em 1954, a Fazenda do Alcaide-Mor passou a pertencer à Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, impondo como condições para efetivação da doação que Santa Casa mantivesse a casa como a recebeu; preservando assim o patrimônio histórico de Juiz de Fora e instalar no mesmo um serviço de assistência às crianças desamparadas e aos velhos doentes. Sabendo das condições impostas no testamento de Cícero, a Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer - ASCOMCER inaugurou na antiga fazenda o Instituto Dr. Cícero Tristão com o objetivo de amparar velhos desprovidos de recursos, que lá funcionou por dezoito anos.


 

Carta de Manoel de Araújo

 

(...) Faço saber aos que esta minha Carta patente virem que por quanto se faz muito conveniente haver no Caminho Novo que vai para o Rio de Janeiro, um cabo de todos aqueles moradores da Borda do Campo, até a passagem do Paraibuna que possa conservá-los, e crimes que suceda haver entre todos e os passageiros pela falta de não haver quem os prenda com jurisdição e os remeta a estas minas para serem castigados por mim e pela justiça; e atendendo a capacidade, e merecimento de Manoel Araújo, morador, e dos primeiros povoadores, do dito caminho, e referido distrito, sempre com bom procedimento e prontidão no adjutório dos Correios, e diligências que sucedem passar parte seu sítio em serviço de Sua Majestade e haver-se da mesma sorte na ocasião em que veio o Capitão mor Leonel da Gama com um corpo de gente a trazer munições a estas minas, e socorrer o Rio das Mortes, quando chegarão aquele arraial os paulistas em som de guerra, dando-lhe mantimentos, e tudo o que lhe foi necessário em tempo em que havia falta deles; e por esperar dele se haverá com o mesmo zelo em tudo o que se lhe encarregar e for da boa conservação daqueles moradores, e melhor utilidade dos passageiros, hei por bem eleger e promover(...) ao dito Manoel de Araújo no posto de Capitão da ordenança e moradores do distrito do Caminho Novo da borda do Campo, até o Rio Paraibuna para que os conserve em paz, e com respeito,e obediência que em razão do dito posto lhe é permitido; o qual exercitará enquanto eu o houver por bem; e com ele gozará de todas as honras, privilégios e isenções que lhe são permitidas.

 

Em 1708, a Alcaide-Mor do Fisco e do Mays, da cidade do Rio de Janeiro, Tomé Corrêa Vasquez recebeu uma sesmaria, onde hoje se localizam os bairros Santa Terezinha, Bandeirantes e Granjas Betânia, por ocasião do seu casamento com a filha de Garcia Rodrigues Paes, Antônia Teresa Maria Paes.

Antes da legalização da concessão da sesmaria, em torno de 1700, Tomé Corrêa havia contratado Pedro Durval para construção de uma casa, onde aquele residiu até sua morte. Esta casa é a mais antiga repartição pública de Juiz de Fora e de toda essa região do Estado, residência essa onde Tomé Corrêa Vasquez desempenhou a função de Alcaide-Mor; encarregado que estava de arrecadar, fiscalizar a renda devida à Fazenda Pública.

 

Após sua morte, a sede da casa, denominada Fazenda do Alcaide-Mor, da Tapera ou Alcaidemoria foi adquirida pela família Vidal que nela residiu de 1756 a 1764, pelos Tostes em 1879 e finalmente pela família Tristão em 1883. Segue abaixo um quadro, contendo época e forma de aquisição por seus respectivos proprietários.

 

Ano Proprietário Forma de Aquisição
1756/64 Antônio Vidal Compra dos herdeiros de Tomé Correa Vasquez
1784  Manuel Vidal Recebeu como herança pela morte de seu pai (1765)
1806 Filhos de Manuel Vidal Recebimento de herança
1879 Antônio Dias Tostes Compra de Honório Ribeiro Miranda
1883 Josefina Herança de seus pais Antônio Dias Tostes e Rita de Cássia

 

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