PATRIMÔNIO CULTURAL

 

Bens Tombados - Museu Mariano Procópio

 

O conjunto do Museu e Parque Mariano Procópio era composto anteriormente por estes somados a área onde hoje encontram-se as instalações do Quartel General da 4ª Região Militar e este conjunto chegou intacto aos nossos dias graças à ação de um grande homem - Alfredo Ferreira Lage.

 

A “chácara de Mariano Procópio” não é só resultado da construção da estrada e instalação da Companhia União e Indústria nesta localidade, que, por sua vez, veio a influir de forma decisiva na evolução urbana de Juiz de Fora.

 

Com uma orientação de política econômica voltada para a produção e exportação de produtos primários, com destaque para o café - que somado às condições fornecidas pelo contexto internacional, fizeram que fossem impressas alterações significativas no regime escravocrata, nos sistemas de transporte e das comunicações. O projeto e a construção do Castelo são apontados como sendo de autoria do arquiteto alemão Carlos Augusto Gambs, chefe dos engenheiros e arquitetos da Companhia União e Indústria. Nesse período a família de Mariano Procópio residia numa casa localizada no terreno onde hoje está localizada a sede da 4ª Região Militar e decidiu construir o Castelo para abrigar a família Imperial que viria à cidade para inauguração da Estrada União e Indústria. Mas o imóvel não ficou pronto a tempo, obrigando Mariano a abrigar a Família Imperial em sua própria residência.

 

Para a construção do dito castelo, Mariano escolheu terrenos localizados no coração da nova localidade que fizera surgir, defronte ao Hotel que abrigava os visitantes da estrada e próximo ao Colégio Santa Catarina, dedicado à instrução dos filhos dos operários.


Há uma grande polêmica em relação à autoria do parque e jardim. Alguns autores atribuem seu traçado a Auguste Marie Franscisque Glaziou, enquanto outros consideram-no muito mais semelhante aos jardins de Franscisco Fialho.

 

Concebido segundo o estilo jardinesco, a escolha do sítio já trouxe consigo os elementos básicos que foi simultaneamente causa e efeito de uma solução expressa pela jardinaria vitoriana, caracterizada por querer um pouco de tudo (...) perspectiva e separação, geometria e natureza, avenidas e cinturões.

 

A topografia dominada por uma colina que delimita o encontro do ribeirão São Pedro com o rio Paraibuna, aí se tem a presença do elemento água, tratado de diversas formas, ora representado num lago criando uma micro paisagem com umas ilhotas, ora como canal definido pelo próprio leito do ribeirão e pelo rio Paraibuna. O jardim executado na parte plana, cujos remanescentes encontram-se livres mas, estruturados por eixos em função da primitiva residência de Mariano Procópio, sendo o principal ladeado de palmeiras. Em contraposição, a solução de parque absorve toda a colina - a avenida no plano e os cinturões para galgar a encosta.

 


MUSEU MARIANO PROCÓPIO

 

O viajante Agassis que aqui esteve por volta de 1865 dá-nos a seguinte descrição do local:


Na manhã seguinte, o Sr. Lage nos fez dar um passeio pelos seus jardins e laranjais, etc. Ele não só distribuiu suas propriedades com muito gosto, mas fez empenho em nelas reunir todas as árvores e arbustos mais caraterísticos do país de maneiras que uma volta dada com ele no seu parque, vale por uma lição das melhores para um botânico que pode assim aprender a história e o nome de cada árvore ou cada flor que for encontrando. Um guia como esse é dos mais preciosos, porque em geral os brasileiros parecem querer resistir numa doce ignorância de toda nomenclatura sistemática. Uma das coisas mais admiráveis que podem ser observadas nos jardins do Sr. Lage é uma coleção de vegetais parasitas das florestas brasileiras. Fica-se pasmo (...) quando se sabe que esta propriedade data apenas de cinco ou seis anos, ainda mais alguns sob a mesma direção e se tornará o paraíso dos trópicos.

 

Da herança deixada por Mariano Procópio a seus filhos estava o castelo por ele construído . A parte pertencente a Frederico que se dedicava ao hipismo foi transformada no hipódromo Ferreira Lage, mais tarde vendido ao Governo Federal que no local instalou a sede do Quartel General da 4ª Região Militar. Na parte superior, onde localizava-se o Castelo Alfredo Ferreira Lage revelou suas intenções de ali abrigar um acervo que vinha colecionando desde sua juventude.

Aos poucos ele foi se tornando possuidor de um acervo de preciosidades artísticas e objetos históricos com o intuito de formar ali um museu. Quando, em 1921, o Conde D’Eu e a Princesa Isabel puderam retornar ao Brasil em virtude do fim do decreto do banimento, estiveram na cidade e visitaram o local que já podia ser considerado um museu. Foi nessa ocasião que Alfredo Lage revelou sua intenção de doar todo seu acervo para a Municipalidade. No ano seguinte, foi inaugurada uma galeria com os bustos de Conde D’Eu e da Princesa Isabel e o parque foi franqueado ao público, mas, a doação efetiva só realizou-se em 1936.

 

Acervo do Museu
O primeiro grande levantamento do acervo do museu foi feito em 1944. Em 1981 novo levantamento foi feito, ocasião na qual também foi aumentado o espaço físico do local e reforma de parte do acervo. Segundo o diretor do Museu na época, José Tostes, muitos documentos estavam irrecuperáveis, destruídos pela ação de cupins e traças. Isso deu-se em virtude da má conservação, levando a perda de muitas peças - principalmente da biblioteca.

 

Preocupou-se ainda em melhorar a programação visual do Museu visando a diminuição da intensidade da luz externa e com a criação de uma reserva técnica, um segundo museu onde parte do acervo possa ficar guardada, valorizando o objeto exposto.

 

Hoje, a construção em estilo renascentista que tornou-se em 1915 o primeiro museu de Minas Gerais reúne um acervo de cerca de 45 mil obras conservando ainda uma sala de música toda revestida em madeira. A maioria da coleção data do período imperial em sua maior parte originária do acervo do Palácio São Cristóvão - antiga residência de D.Pedro II no Rio de Janeiro.

 

Os móveis de D. João VI, D. Pedro II exibem porcelanas da Companhia das Indias; ao lado de curiosidades como a cadeira do beija mão de D. João ou o fardão utilizado por D. Pedro II em sua coroação juntamente com a cauda do vestido de sua mulher Teresa Cristina. Um dos quadros mais famosos da galeria de arte - O Tiradentes esquartejado de Pedro Américo de Figueiredo e Melo encontra-se na sala Tiradentes. Há ainda 476 obras de arte entre pinturas e esculturas de artistas nacionais e do exterior, como as de Rodolfo Bernadelli. A Viscondessa de Cavalcanti, prima do fundador do Museu também ganhou uma sala por ter sido uma das maiores doadoras do Museu. No setor de documentação encontram-se cartas de Pedro I dedicadas à Marquesa de Santos.

 

O setor de História Natural abriga cerca de três mil minerais e um acervo de animais empalhados.

A “Villa” (Castelo) implantada em platô alteado foi edificada em tijolos maciços aparentes estando unida por uma passarela ao prédio anexo construído anos depois por Alfredo Ferreira Lage para abrigar seu acervo. A ornamentação foi feita tirando partido de tijolos com caneluras, tijolos com arestas arredondadas, tijolos em cores diferenciados e em camadas alternadas e entre outros elementos. O interior da “Villa” conserva as características originais com paredes revestidas de papel e pinturas, lambris de madeira de lei e forro em estuque decorados. Esta, guarda ainda importante acervo mobiliário.

 

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