PATRIMÔNIO CULTURAL
Bens Tombados - Villa Iracema
O solar foi construído em 1914 pelo arquiteto Rafael Arcuri para a Sra. Olympia Peixoto - portuguesa enriquecida residente na cidade e que deu ao imóvel o nome de Villa Olympia. Dez anos depois foi alugado para o casal José Raphael e Iracema de Souza Antunes que após três meses residindo no solar optou pela compra do imóvel que, passou a ser chamado de Villa Iracema em homenagem à nova proprietária Curiosamente, foi a primeira residência em Juiz de Fora com piscina desde sua construção. Com a morte de Raphael Antunes , a casa foi mantida pelos herdeiros embora atualmente encontre-se vazia.
A edificação em tela, sob influências ecléticas e Art Nouveau, representa um dos edifícios mais significativos da cidade, ocupando posição de destaque, na opinião popular, como obra de relevante valor arquitetônico-artístico dentre os bens de interesse cultural em Juiz de Fora.
Seus dois pavimentos, que se erguem sobre porão alto, desenvolvem-se em forma de "L", sendo compostos por dois corpos - um recuado e outro avançado - ligados pela varanda frontal oblíqua, evitando a monotonia de composição. Implanta-se no centro do terreno, o que lhe permite estar totalmente solta dos limites do mesmo. Conservando, porém, o paralelismo em relação a estes, apesar de encontrar-se ligeiramente rotacinada para o leste, através da colocação da varanda no lado direito. O acesso principal é feito pela varanda oblíqua e o de serviço, pela lateral direita (onde hoje funciona um estacionamento).
No primeiro pavimento, o corpo avançado apresenta vão com janela tripartida, sendo as duas laterais - igualmente estreitas, com verga reta, esquadrias de madeira divididas em diversos caixilhos retangulares e sem bandeira fixa - e uma central, com esquadria de madeira em duas folhas, dividida em caixilhos retangulares e bandeira fixa em abaleta na parte inferior. A verga, em forma de arco-de-círculo, é ornada por pequenos circulo, "apoiando" a sobreverga e o painel de azulejos em meio relevo. A decoração em estuque fica por conta dos festões que formam guirlandas sob o parapeito da janela, da cartela com elementos florais em cascata ao lado do painel de azulejos, e da haste helicoidal que sugere um "parafuso" prendendo os dois pavimentos em sua divisão, ou seja, na cornija perfilada.
A varanda oblíqua, que une os dois volumes do térreo, é acessada por uma escadaria ornada em suas laterais, por estátuas lampadófaras sob pedestais e jarros. A varanda tem como principal objetivo, proteger e destacar o acesso principal da casa, estando protegida por guarda-corpo em balaustrada retilínea. O vão da porta é ornado por moldura saliente de estuque, onde encontram-se moldados diversos motivos florais ladeando uma cabeça de leão. A porta destaca-se ao centro da composição, sendo feita de madeira em duas folhas, assim como as almofadas curvilíneas que a ornamentam. Como na moldura da porta, a sobreverga do vão da varanda é dividido em três partes, por folhas de acanto, cada parte com uma cabeça de leão central ladeada por motivos florais.
O corpo recuado, apresenta vão único bastante estreito, com esquadria fina de madeira dividida em diversos caixilhos retangulares e bandeira fixa. O parapeito é "sustentado" por elemento floral pendente. Sobre a verga reta encontram-se pequenos círculos de estuque e um lindo painel de azulejos em meio relevo na cor violeta e rosas vermelhas, material de luxo provavelmente importado da Europa. Separando os pavimentos, há uma larga cornija perfilada.
Junto a este volume foi construído uma varanda lateral sua planta baixa
retangular com face alongada em forma de semicírculo. A varanda é protegida
por guarda-corpo em balaustrada retilínea decorada. As arestas superiores
são recortadas em desenhos geométricos que "apoiam" a
sobreverga decorada, como na varanda oblíqua, com cabeças de leão
e motivos florais. Sobre a varanda, aparece um terraço, com o mesmo desenho
de planta baixa, sustentada por finas colunas com pequenos capitéis sugeridos
e protegido por balaústres.
No segundo pavimento nota-se no corpo avançado a presença de janela tripartida separada por estreitas pilastras, sendo: duas laterais iguais, que se diferenciam da central apenas pelas reduzidas dimensões que apresentam. As esquadrias destas três janelas são de madeira, divididas em pequenos caixilhos retangulares e com bandeira fixa, com vergas em arco pleno O balcão sacado em balaustrada é suntuosamente apoiado por consolos que sugerem mãos-francesas e que destacam-se do plano da fachada. Emoldurando todo esse conjunto, há a sobreverga em arco de cesta, decorada por elementos salientes de estuque e duas pilastras laterais com elementos antropomórficos e flores em cascata. Em cima da sobreverga, nota-se a presença do chamado ornato em bossagem, ou seja, linhas que riscam a massa sugerindo cantaria. Arrematando a composição, ao alto, aparece a cornija perfilada, e sobre esta, a platibandavazada por formas curvas e ornada por elementos de ferro onde aparece o nome da edificação: "Vila Iracema". Lateralmente, a platibanda é interrompida por pilaretes.
A varanda oblíqua, apoiada em colunas com pequenos capitéis, é protegida por guarda-corpo em balaustrada e base de ferro que também pode ser usada como jardineira. Essa varanda destaca-se por sua inusitada cobertura de ferro e vidro sustentada por finas pilastras de ferro, muito usada em construções art nouveau. Aqui, a platibanda é vazada por quartos de circulo emoldurados por volutas auriculares e limitada por pilaretes.
O corpo recuado apresenta um único vão, estreito, cuja esquadria em madeira divide-se em caixilhos e bandeira fixa mais larga, em arco pleno, emoldurada por faixa saliente de estuque que transforma-se, nas extremidades, em espécie de caracóis com folhagens pendentes. 0 "balcão enrolado" é apenas sugerido sob o parapeito da janela, sendo ornado por arremate central com tiras e sulcos e sustentado por fivelas laterais. Com tratamento de torreão, sua cobertura trapezoidal é recoberta por placas de zinco, com elementos de ferro em forma de ponta-de-lança na extremidade superior. A platibanda é vazada por dois semicírculos e limitada por pilaretes com folhagens pendentes.
Destacam-se, na parte frontal da casa, os canteiros delimitados por elementos curvilíneos, o chafariz com bacia em forma de estrela e haste com flores de onde, provavelmente, jorrava a água, e os pedestais que sustentam os grandes jarros com pés de leão, ligados ao corpo da casa por folhas de acanto em voluta. A abertura do porão, denominada seteira, compõe-se de um retângulo e dois semicírculos, gradeada por barras de ferro ornadas com rosetas.
Por fim, protegendo toda a construção no alinhamento da calçada,
encontra-se o magnífico gradil de ferro, trabalhado com barras verticais,
circulares, encurvadas e retangulares, ornadas por rosetas e pontas de lança.
Separando-as, encontram-se pilaretes sobre base, ambos de alvenaria. A entrada é destacada
por pórtico constituído de dois pilares de alvenaria, ornados por
frutos e flores em cascata, que sustentam, cada um, um grande jarro de flores
e uma cartela, onde ainda encontra-se seu antigo número inscrito:
365.